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Ana Paula Renault: 'A fama de vilã é pesada, mas acho fantástica'

Em entrevista, a ex-BBB Ana Paula Renault fala sobre seu primeiro emprego aos 34 anos, desabafa sobre preconceito de amigos próximos e rebate quem acha que ela não é um 'bom exemplo'

Renan Botelho Publicado em 19/04/2016, às 15h36 - Atualizado às 15h37

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Ana Paula Renault - Divulgação/ Globo
Ana Paula Renault - Divulgação/ Globo

Aos 34 anos e formada em jornalismo há mais de uma década, a mineira Ana Paula Renault conseguiu seu primeiro emprego como repórter do Vídeo Show, da Globo. "Quem imaginou que ia ter o Boninho [diretor] como chefe no primeiro emprego? Isso é um tapa na cara desse povo chato. Quem ri por último, ri melhor", diz ela. Para a vaga, ela não precisou enviar currículo, mas passou por algumas provas difíceis que foram vistas por milhares de pessoas enquanto estava dentro do Big Brother Brasil. "Aquilo é um hospício", define a participante que mais se destacou na décima sexta edição do reality, conquistando uma legião de fãs e críticas de outras pessoas.

Fora da casa, ela trava uma nova batalha: vencer o preconceito de amigos próximos, que a julgam por ter participado do programa. Em entrevista exclusiva à CARAS Digital, Ana Paula ainda fala sobre o trabalho, a fama de vilã e os boatos de que seria prima do apresentador Pedro Bial. "Se eu fosse, eu ia tatuar na testa e apavorar os participantes", brinca. Olha elaaa! 

- Está gostando do primeiro emprego?
Esse emprego não era uma coisa que fui buscar. Fui buscar outras questões. Eu sempre sofri preconceito por nunca ter trabalhado, mas sempre levei numa boa até porque isso é uma questão minha e do meu pai. É uma experiência nova que estou curtindo muito. Mas estou curtindo por causas desses moldes, onde posso imprimir minha personalidade. Sempre achei esse ambiente de trabalho muito hostil, onde as pessoas fazem de tudo para pegar o lugar do outro. Já que tive essa oportunidade de não trabalhar, eu aproveitei. Eu acho que as pessoas têm que tentar fazer da sua vida o melhor possível, não enfiar o dedo na cara dos outros e sair julgando.

- Qual seu plano de carreira agora?
Meu plano é agarrar essa oportunidade com unhas e dentes, me entregar de corpo e alma. Se tudo der certo, eu espero continuar nessa área porque sou formada em jornalismo. Estou colocando meu diploma para funcionar agora. Só que não depende só de mim... Se o público gostar, eles vão me ver muito por aí.

- Como é a relação com seus colegas de empresa no Projac? Alguém te trata diferente por ser uma ex-BBB?
Eu tive duas surpresas quando saí do programa. A primeira foi o tamanho da torcida. Eu realmente não tinha ideia. Não passou pela minha cabeça porque minha cabeça estava em outro lugar naquele hospício. A segunda é que quando entrei lá, no Projac, vieram atores renomados, funcionários do alto escalão da Globo, me parando, conversando comigo sobre o programa e me parabenizando. Achei que fosse sofrer preconceito, como eu sofro de pessoas próximas, mas não. O Jorge Fernando [diretor de novelas] parou o carrinho para conversar comigo. Eu nem sabia que ele era de verdade, eu o tenho como ídolo. É gente bacana pedindo para trocar telefone. Tem a Camila Queiroz, que é uma querida. A gente sempre conversa pelo Snapchat. 

- Você disse que sofre preconceito de pessoas próximas...
... Sim, de amigos próximos. Todo mundo sabe que sempre vivi na alta sociedade de Belo Horizonte e tem muita gente criticando, falando que era muita exposição, que eu não precisava disso. Eu falo: 'Olha aqui, antes de ser ex-BBB, eu sou Ana Paula Renault'. E tem também o preconceito das marcas. Sempre gostei de marcas boas e conceituadas. Levei só roupas de grife para o BBB. Hoje em dia, várias marcas me procuram para eu fazer propaganda, mas nenhuma das que eu sempre usei. Por que uma ex-BBB não pode usar marcas conceituadas neste país? Isso é um preconceito. A Sabrina [Sato, apresentadora] e a Grazi [Massafera, atriz] andam vestidas com as melhores marcas do mundo, mas isso levou um tempão para acontecer. Preconceito não está com nada, nem com ex-BBB, nem com mulher, nem com cor, nem com forma física, classe social, nada.

- Por falar em quem sofre preconceito, você tem um grande apelo com o público gay...
... Adoooro! Eu sou uma 'viada' que nasceu mulher. Sempre gostei dos gays, são pessoas ótimas, que falam na cara. Acho que os gays já sofreram tanto preconceito que não têm muito saco para ficar escutando ladainha dos outros, e falam tudo na cara como eu. Além disso, meu vocabulário é praticamente de 'viado'. Eu tenho recebido vários convites de trabalho e recuso alguns por achar que não combinam comigo, mas quando me chamam para festa gay eu aceito na hora, porque eu sei que vou me divertir.

- Você fez muito sucesso nas redes sociais, principalmente entre os jovens, mas algumas pessoas falavam que você não era um bom exemplo para eles. O que acha desta crítica?
Eu fiz o que estava ao meu alcance para ser feito no momento. Mas tem coisas que eu mesmo falo que não é correto. Por exemplo, essa questão de excesso de álcool não é uma bandeira que eu levanto. Esses dias eu estava em uma festa, tomando meu vinho, e tinha duas filhas de uma amiga que vieram falar comigo e eu falei 'olha, não é para sair bebendo assim'. Eu fico muito enaltecida, mas faço esse contraponto. Sobre não ser um bom exemplo... Eu acho muito melhor ter um exemplo de uma pessoa honesta, de caráter, do que ter outra fake, que se faz de santinha e não é isso. Não tem como ninguém cavar um podre meu, porque eu já mostrei quem eu sou no programa.

- Saiu que você estava namorando um empresário e depois você desmentiu...
... Ele era um amigo em comum que estava na nossa rodinha em Búzios e ficamos juntos. Foi isso, nada demais.

- Existe essa crença de que homens se assustam com mulheres de personalidades forte. Você acha que eles têm medo de você?
Eu acho. Eles já tinham medo antes, agora então... Mas nunca tive problema nenhum com paquera. Se eu estou interessada e tem abertura, eu dou um jeitinho da conversa ficar mais fácil. Não é uma coisa que me incomoda. Um homem não vai mudar meu jeito. Se o homem quer, ele tem que se posicionar. Até acho que homem tinha que tomar essa dianteira e chegar para conversar. Por enquanto eu não estou procurando ninguém.

- Voltando para o BBB, qual o balanço que você faz desta experiência?
Eu acho que apesar de ter sido uma experiência um pouco traumática, ela foi bastante válida. Eu fui buscar questões pessoais, questões de autoconhecimento. E nesta parte, eu considero que a missão foi cumprida com sucesso. Ao meu ver, aquilo lá é um hospício. Você não consegue ler as pessoas de forma muito clara e cada um age de um jeito. As pessoas estão sempre se importando com as câmeras e a vivência fica em último lugar. Não dá para saber se é verdade ou mentira. É um clima bastante hostil. E eu, que estou mais acostumada com pessoas honestas e verdadeiras, de certa forma levei um baque.

- Você viu as gravações do programa? Como foi?
Olha, eu até hoje vi pouquíssimas coisas. Faço o possível para não ver. Às vezes vejo uma coisa ou outra porque as pessoas mandam no Twitter, nas redes sociais, mas eu mesma não procurei nada. Eu sempre achei que não era nada fotogênica, até por isso não tenho muitas fotos nas redes sociais, mas fiquei surpresa com o resultado. Achei legal.

- Mas você acha que a edição do programa te prejudicou de alguma forma?
Eu bati esse papo com a minha família e com amigos e eles disseram que realmente tinha dias em que a edição acabava comigo, pegava coisas fora de contexto e deixava o público com dúvida sobre quem eu era. Mas tinha dias em que a edição era ótima. Eu tenho a opinião - e essa opinião minha já vem lá de dentro  do programa - que é impossível uma edição derrubar ou idolatrar uma pessoa. Acho que isso acontece porque é um programa muito rentável para a Rede Globo e eles precisam de audiência, mas não tem como a pessoa se fazer em cima disso, não. Olhando no panorama geral, a edição é fiel. Não tem como montar um personagem.

- Você se considera a vilã da edição?
Eu acho sensacional essa história de vilã. As personagens principais são as vilãs carismáticas e engraçadas, tipo a Carminha [Avenida Brasil] e Atena [A Regra do Jogo]. Mas o Bial resumiu melhor. Eu fui lá e desmistifiquei aquele personagem bonzinho, dentro da casinha, que se faz de santo, e demonstrei uma pessoa normal, com defeitos e qualidades, gente do povo, com exageros e paixões. No fim deu certo. O público viu e se identificou porque ninguém é santo... pelo menos eu nunca vi na rua um santo. A fama de vilã é pesada, mas acho fantástica.

- Enquanto você estava na casa, surgiram histórias de que você era prima do Pedro Bial. O que achou quando descobriu isso?
E sobrinha do Boninho, né? Eu achei ótimo. Adoro essa criatividade do povo. Sempre que tem alguém se sobressaindo, tentam criar histórias porque ninguém pode dar certo por ser ela mesma. Infelizmente, eu não sou parente deles. Se eu fosse, eu ia tatuar na testa e ainda ia usar isso para apavorar os participantes: 'olha, não mexe comigo que eu sou sobrinha da chefia'.