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Curado, Edson Celulari faz planos para o futuro após segunda chance: 'Mudou tudo'

Ator de 'A Força do Querer' conta que pensa em aumentar a família e planeja dirigir um filme após a cura do câncer

Cláudio Uchôa Publicado em 26/04/2017, às 10h00

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Edson Celulari - Fabrizia Granatieri
Edson Celulari - Fabrizia Granatieri

Traçar planos para aproveitar sua ‘segunda chance’ virou motivação para Edson Celulari (59). Em visita ao Museu do Amanhã, na revitalizada zona portuária carioca, onde quis fazer as fotos deste ensaio, o ator brinca sobre possíveis metáforas relacionadas à escolha do local. “O foco é este. É daqui para a frente”, avisa, livre do linfoma não-Hodgkin, tipo de câncer que afeta o sistema de defesa do organismo. Ele descobriu a doença em junho de 2016 e, após sessões de radioterapia e quimioterapia, anunciou a cura no fim do ano. De volta às novelas em A Força do Querer, Celulari enfatiza momento fértil e promissor. “Tudo agora tem tom diferenciado. Após essa parada e reflexão, volto com muito mais vontade de aproveitar meu ofício e minha vida”, sintetiza.

– Como foi retornar à novela?

– Quando pisei no estúdio para gravar, pensei: é o meu lugar, onde me identifico e fortaleço. Lógico que o sentido é maior do que só uma novela. Passei por um susto enorme. Mas é maravilhoso viver um tipo leve, mulherengo, dinâmico.

– Você chegou a temer não poder mais atuar?

– Quando aconteceu o susto, pensei, chegou minha hora. Não tive como evitar. Então, claro, dá medo. Mas não foi essa a situação. Quando vi que havia uma luz no fim do túnel, falei, vamos nessa. Existia a possibilidade de uma segunda chance. Aí me determinei, era o que queria. E fui cercado de carinho, só tenho a agradecer às mais diversas formas de pensamento positivo, oração, enfim, tudo.

– Mas em um primeiro momento você falou que não viu essa luz no fim do túnel...

– Era grave. Você pensa em perda, no definitivo, naquilo que vai deixar. Mas durou três dias. Quando me apresentaram o protocolo de tratamento, já experimentado, com ótimos resultados, achei que voltaria a campo. E voltei para o segundo tempo com mais fôlego.

– O que considera importante para alcançar a cura?

– Equilíbrio emocional e disciplina. Pessoas passam por dificuldades que podem parecer intransponíveis, mas não são. É preciso concentração e informação, tudo é possível de ser conquistado.

– É religioso ou se apegou a algo? Isso fez alguma diferença?

– Não sou. Acredito, tenho fé, respeito todas as crendices. Sou católico de formação, passei pelo Budismo. Só não quero ser porta voz de alguma coisa ou dono de experiência fundamental. Não me sinto neste direito.

– Você fala em reavaliação.O que concretamente mudou? 

– Tudo. Quando entrei no estúdio, constatei a relação saudável com meu ofício. Também mudaram amizades, valores, cotidiano, estresse do trabalho, lazer, família. Mas sempre fui um cara muito saudável e vou continuar assim, ainda com mais cuidado. E como foi me dada oportunidade, parei para pensar nas coisas triviais, banais e cotidianas. É acordar e olhar o passarinho, o pôr do sol, estas coisas.

– Há algo que não tenha feito e precisa fazer?

– Refletir sobre as coisas e o outro foi ótimo, olhar para meus filhos, minha mulher, entender o que quero realmente. Tinha uma relação de projetos, tirei alguns, acrescentei outros. Quero, por exemplo, dirigir e atuar no mesmo filme. A história ainda é segredo, mas vou falar sobre relações humanas. Rodo em 2018.

– Como foi contar para seus filhos da doença?

– Foi a parte mais emocionante. Primeiro, eles foram lindos na reação. Desmontaram. Reafirmei as soluções e expectativas e eles continuaram chorando. Tentei o plano B, C, D; não reagiam. Até que falei: “Gente, estou bem, tudo vai dar certo, calma, temos que ficar juntos”. Aí eles pararam e não me largaram mais. Enzo e Sofia me acompanharam o tempo todo, assim como a Karin (Roepke, a mulher). Ela logo correu atrás da médica que cuidou do Gianecchini. O tratamento leva a situações, soube de coisas bem piores, meu caso nem foi tão assim. Mas, é claro, a pele muda de cor, aparecem olheiras, cansaço e enjoos. É preciso enfrentar, não tem como pular. Quando está cansado, descansa; enjoado, para de comer. Não tem remédio? Concentra, faz meditação, vê um filme... Às vezes, parece uma montanha intransponível. Não é bem assim. Vai por partes, tentando, e você chega e ultrapassa o obstáculo.

– E com Karin? Pensa em filhos já que ela não tem?

– Filho pode, mas não agora. Talvez daqui a pouco. Fizemos tantos planos neste tempo em que fiquei recluso com os filhos, a família, a Karin, acho que precisaria de mais 200 anos. (risos) Mas isso é bacana. É difícil arranjar tempo, mas um dia vou realizar tudo.