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Domingos Montagner em cenas de tragédia e dor

A morte prematura do santo de Velho Chico, que deixa viúva e três filhos pequenos, choca o país

CARAS Publicado em 26/09/2016, às 06h49

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Domingos, que teve seu sucesso tardio na TV, vivia uma das melhores fases da carreira - AGNEWS; ARQUIVO CARAS; BRAZILNEWS; CLEOMIR TAVARES; FOTO ARENA
Domingos, que teve seu sucesso tardio na TV, vivia uma das melhores fases da carreira - AGNEWS; ARQUIVO CARAS; BRAZILNEWS; CLEOMIR TAVARES; FOTO ARENA

O Brasil chorou na semana passada o desaparecimento prematuro de Domingos Montagner (1962–2016). A morte do ator, que se afogou no rio São Francisco, em Canindé de São Francisco, Sergipe, na quintafeira, dia 15, causou grande comoção no País. A tragédia o tirou de cena no auge da carreira na TV, quando interpretava no horário nobre o personagem Santo, protagonista de Velho Chico. Mas a vida real não imitou a arte. As mesmas águas que salvaram o agricultor na ficção tiraram a vida do galã. Sob o som dos mesmos aplausos efusivos que Domingos estava acostumado a ouvir nos palcos e picadeiros de circo, onde iniciou a carreira, amigos, familiares e fãs deram o último adeus. O corpo do ator foi enterrado no sábado, dia 17, no cemitério da Quarta Parada, em São Paulo. A viúva, Luciana Lima (41), com quem estava casado havia 15 anos, mostrava-se visivelmente abatida, mas pedia orações para o marido. “Rezem por ele, rezem para ele ficar bem”, repetia ela, que optou por não levar os três filhos do casal, Leo (13), Antônio (9) e Dante (4).

Único irmão do galã, Francisco Montagner, mesmo muito emocionado, apoiou a cunhada. “Ela está anestesiada. Incrédula”, disse ele, que lembrou da união entre os dois. “Quando nossos pais se foram, ficamos só nós, os irmãos. Tínhamos uma ótima relação, muito próxima mesmo. Ele não podia partir assim tão rápido”, lamentou Francisco, chorando. Domingos foi enterrado no mesmo jazigo de seus pais no bairro do Tatuapé, bairro da zona leste onde foi criado.

Par romântico do galã na trama de Benedito Ruy Barbosa (85), Camila Pitanga (39) estava muito abalada ao lado do namorado, o também ator Igor Angelkorte (33). A atriz foi a última pessoa a estar ao lado de Domingos antes da tragédia. Após gravarem as últimas cenas externas, eles combinaram de tomar um banho de rio para se despedir de mais um trabalho. A dupla foi nadar na Prainha, área que não costuma ser utilizada por banhistas e considerada das mais perigosas do local. No entanto, não havia nenhuma sinalização indicando isso. Eles foram surpreendidos por forte correnteza, que no início, parecia suave. “Não tinha noção do que estava acontecendo. Para mim, estava tudo tranquilo. Mas ele aparentava estar paralisado. Então, voltei de novo até o Domingos, peguei no seu braço e vim puxando. Ele não saía do lugar. E falava: ‘Eu não tô conseguindo’”, contou a atriz ao Fantástico. Ela não segurou as lágrimas ao lembrar que o colega poupou sua vida. “Em nenhum momento ele me pegou ou agarrou. Domingos, na verdade, estava tentando se segurar. Por isso que não nadava. Me salvou. Eu acho que sabia o que estava acontecendo e me deu oportunidade de viver. Foi uma atitude generosa. É uma segunda chance de poder estar com meus amigos, com a minha filha, Antonia. De viver... E eu vou honrar isso”, afirmou ela. O corpo de Domingos foi encontrado preso nas pedras, a 18m de profundidade e a 320m da margem, próximo à Usina de Xingó, na divisa de Sergipe e Alagoas.

Um dia antes do sepultamento, Camila esteve na casa da família de Domingos Montagner em Embu das Artes, município a 34km de São Paulo, e enalteceu, comovida, a força da viúva do ator. “Fui muito bem acolhida por todos. Luciana estava com uma firmeza e uma força descomunal, querendo entender o que estava acontecendo e eu relatei tudo a ela”, lembrou a estrela, que volta ao estúdio para gravar as últimas cenas de Velho Chico. “Vamos fazer uma homenagem a ele. Domingos vai estar presente, Santo está ali”, ressaltou.

Em nota, a Globo informou que em tributo ao ator Domingos Montagner e ao grande trabalho realizado por ele na construção do personagem, a direção da trama montou uma estratégia para continuar contando a história como estava planejado, sem criar um enredo diferente do previsto. O heróico Santo dos Anjos estará presente em todas as suas cenas e o seu olhar será visto pelos que assistirem à novela. “A morte do protagonista está descartada. Nós o manteremos até o fim. Em comum acordo com a família, conversamos com a esposa dele e ela também tem a mesma visão que nós temos sobre a arte. A dor é muito grande, mas agora precisamos seguir adiante. Não podemos ser injustos com seu trabalho, com a sensibilidade dele com tudo o que trouxe para nós”, garantiu Bruno Luperi (27), que escreve a novela junto com o avô, Benedito Ruy Barbosa. O veterano novelista chorou muito ao ser informado da morte trágica do ator no São Francisco, rio que quis exaltar durante todos os capítulos de sua novela justamente pela beleza e força. “Domingos me disse que estava muito feliz porque trabalharia em uma obra minha, tinha esse desejo. Lembro de ter dito a ele: ‘Que esse seu desejo frutifique’. A vida real foi pior do que a fantasia que criamos. Ela nos magoou... E tirou da gente um dos maiores atores da novela. Eu estou sentindo uma tristeza profunda como há muito tempo não sentia”, justificou Benedito.

DE PALHAÇO A GALÃ DE TV

Antes do êxito na TV, Domingos já arrebatava o público nos palcos e, principalmente, nos picadeiros, no qual gostava de atuar como palhaço. Com formação circense, criou em 1997 o grupo de circo e teatro La Mínima. Depois, em 2003, o Circo Zanni, ambos em parceria com Fernando Sampaio.. A estreia na TV foi no seriado Mothern, do GNT, em 2006. Depois, o ator seguiu para a Globo, onde acumulou sucessos como o capitão Herculano, de Cordel Encantado, em 2011, e Santo, na atual Velho Chico, na qual fez par romântico com Camila Pitanga.