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Danilo Gentili fala sobre novo clube de comédia nos EUA: "Não faremos feio no principal polo turístico americano"

O 'The Comedy Club' deverá abrir suas portas em Orlando no segundo semestre de 2015

Thiago Azanha Publicado em 27/02/2015, às 12h52 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Danilo Gentili - Roberto Nemanis/SBT
Danilo Gentili - Roberto Nemanis/SBT

Danilo Gentili, apresentador do The Noite no SBT e sócio do Comedians Club em São Paulo, abrirá um novo clube de comédia em Orlando, nos Estados Unidos.

Em entrevista para a CARAS Digital, o humorista fala sobre o novo -- e ambicioso -- projeto em sua carreira, que deverá ser inaugurado no segundo semestre de 2015. Voltado para os brasileiros de férias em Orlando, o clube terá piadas em português em um lugar estratégico, próximo aos principais hoteis e parques de diversão.

Da onde surgiu a ideia de abrir um clube de comédia nos EUA? Por que escolheu Orlando?

A ideia surgiu na minha primeira viagem para fora. Depois que comecei a fazer comédia e entrei para a TV consegui, finalmente, juntar uma graninha e sair de férias para o exterior pela primeira vez. Como eu não falo inglês decidi ir pra Orlando, pois ali, imaginei, por causa dos parques, eu poderia me divertir sem a língua atrapalhar muito a minha experiência. Acho que quase todo brasileiro, quando finalmente junta uma grana para viajar, pensa igual eu. Porém, quando chegava de noite eu não tinha nada para fazer, pois não falava inglês. Não podia ir no cinema. Não podia ir no teatro. Nada era pra mim, porque eu não entendia inglês. Só tinha diversão de dia nos parques. De noite eu ficava no hotel -- e nem o que passava na TV eu entendia! Pensei: "Eu vi muito brasileiro nos parques de dia e nesse exato momento esses brasileiros devem estar em seus quartos de hotéis sem ter o que fazer, igual a mim. Se eu tivesse dinheiro ou parceiros certos abriria um comedy club para esses brasileiros terem diversão também de noite". Era janeiro de 2009 e digamos que foi ali que eu fiquei grávido da ideia. Durante esse tempo todo pensei no bar, pensei em coisas que eu, como comediante, como público, gostaria que o bar fosse e quem seriam os amigos certos para abrir o negócio. E finalmente esse ano vamos inaugurar o primeiro comedy club em Orlando.

Quem está com você nesta empreitada?

Chamei o Robson Leiva, meu amigo e excelente administrador e, depois de tudo armado, chamei meu outro amigo Diogo Portugal para investir nessa unidade em Orlando. Somos todos amigos e estamos felizes com o projeto. Teremos stand-up brasileiro na terra do stand-up.

A burocracia encontrada para abrir um novo empreendimento nos EUA é maior ou menor que no Brasil?

Diferente do Brasil, os EUA enxerga toda boa ideia como aliada e não como inimiga. O que percebo la é que em todas as esferas -- na burocracia, nos serviços terceirizados, nos trabalhadores que contratamos, todos apreciam a livre iniciativa por que entendem que ela gera emprego, aquece economia e torna o lugar melhor. Depois de investir no Brasil, um país que sufoca qualquer ideia com burocracia e a desmotiva com interferência estatal e taxação exagerada, hoje tenho  a experiência de investir em um lugar que incentiva uma criança a vender limonada para a vizinhança -- que feliz da vida compra a limonada da criança valorizando o trabalho e livre iniciativa dela. Aqui é um pouco diferente. Eu já fui pobre e empregado, passei a ter algum recurso e empregar e hoje abro meu primeiro negócio fora. Então acho que minha experiência pode ter alguma relevância: em todas essas etapas, quando eu era empregado e pobre, abastado e empregador, o governo estava lá cobrando muito imposto, me forçando a pagar por serviços que eu sabia que eram péssimos, e não devolvendo nada em troca. O curioso é que embora seja sempre o governo que explore todas as classes sociais, as pessoas por aqui continuam contaminadas com a ideia (conveniente para a classe política e  elite estatal) que o explorador é o cidadão que tenta transformar sua ideia em algo que gere empregos e riquezas para o país e não o governo que não gera riqueza nenhuma, mas apenas a toma. Como estou com meus altíssimos impostos em dia  e já fui empregado e empregador pagador de taxas obrigatórias não recebendo nada em troca, a não ser corrupção e descaso, acho que posso afirmar que entender que uma boa ideia precisa ser incentivada e não sufocada pelo Estado é um caminho muito melhor para o crescimento de qualquer país.

Onde será instalado o novo club em Orlando?

Na International Drive. Principal avenida da cidade. Estamos a quinze minutos do parque mais distante e aeroporto. Em alguns parques da até para ir andando de lá. Estaremos localizados no meio do principal setor hoteleiro. Enfim, melhor que isso, só o cara ligar para o comediante ir fazer o show particular no quarto dele. O que não é má ideia! Vou pensar em abrir o disk-comédia.

Qual será o público alvo do empreendimento? As piadas serão contadas em português ou inglês?

A princípio, o foco é tornar as noites de Orlando tão especiais para os brasileiros como são os dias nos parques. Porém, mais para frente, pensamos em abrir uma noite para latinos. Minha ideia principal é ser algo legal para brasileiros. Depois latinos. Se operarmos bem nesse foco, quem sabe não abrimos também para americanos?

Mesmo com o The Noite, no SBT, pretende viajar mais vezes e se apresentar por lá com frequência? Como pretende contratar os humoristas para se apresentarem por lá?

Vou acompanhar tudo de pertinho, mesmo de longe. Nos últimos anos eu acabei me envolvendo com muitos projetos que foram bastante pesados em produção, bastidor, pesquisa e acabei deixando meu lado de comediante atrofiado. Se antes eu respirava comédia, eu tive que dividir isso com outros focos, e acabei enferrujado para fazer stand-up comedy como fazia antes. No segundo semestre, quando entregar minhas pendências e inaugurar o bar em Orlando pretendo voltar a me dedicar muito mais em criar piadas e shows, pois quero estar no The Comedy Club em Orlando com frequência divertindo as pessoas. É o que gosto de fazer.

Qual o valor do investimento?

O investimento eu posso te falar depois de pronto. Planejei investir uma coisa, mas esse ano, com os problemas do Brasil, estamos passando por reestruturação dos gastos. Então nem eu sei ainda o valor do investimento. Só saberei no fim.

Como será a decoração do ambiente?

O grande diferencial do The Comedy Club (nome do club) será, sem dúvida, a ambientação. Não queremos apenas abrir um estabelecimento para lucrar em cima da cerveja. Não estamos falando de abrir um bar, mas em construir um conceito. Queremos formar uma marca. O nosso comedy club será inovador, pois temos participado de leilões e conversado com amigos para arrematar para o bar itens e raridades da comédia brasileira e mundial. Então, enquanto você espera pelo show, poderá confortavelmente socializar com seus amigos, família e curtir um pouco da história da comédia mundial que estará bem viva ali nas nossas paredes do bar. Além disso, estamos em Orlando, onde até a fila de uma montanha russa é tematizada e pensada para te colocar no clima da proposta do brinquedo. A ambientação será um ponto forte. Sempre quis, e agora finalmente vamos conseguir, proporcionar ao público não um show em um bar, mas uma experiência em comédia. Acredito que as pessoas saberão que estarão entrando em um lugar especial quando passarem da porta para dentro. E a fachada não pode ficar devendo. Quero que os brasileiros, quando passarem na frente do lugar, sintam orgulho em saber que aquele Comedy Club é brasileiro. Não faremos feio na principal avenida do principal polo turístico americano, isso eu garanto. Não será apenas um bar com show. Será uma atração. A intenção aqui é privilegiar uma experiência completa em comédia.

Já tem alguma data para a inauguração?

Se tudo correr bem, início do segundo semestre.