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Antonio Fagundes festeja 50 anos de carreira

Ele pede mudanças nas telenovelas e brinca com o rótulo de galã

por Carlos Lima Costa Publicado em 30/06/2016, às 08h00

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Aos 50 anos de carreira, o ator está cheio de planos. - CADU PILOTTO
Aos 50 anos de carreira, o ator está cheio de planos. - CADU PILOTTO

O ator Antonio Fagundes (67) não tem dúvidas de que viver o coronel Afrânio, em Velho Chico, é uma bela maneira de celebrar seus 50 anos de carreira. “Benedito Ruy Barbosa é um dos poucos autores que saem do cotidiano da telenovela brasileira, que por excelência é urbana. Um dos grandes baratos do ator é transitar por vários universos. Sinto que o Brasil ainda não tenha chegado a fazer novela com o tema pirata ou ficção científica, o americano e o europeu já venceram essa barreira. O público gostaria de ver”, destacou, no Restaurante Bar do Elias, na Barra, Rio.

Nessas cinco décadas, muitos foram os sucessos, como as novelas Renascer e O Rei do Gado, ambas de Benedito. Mas Fagundes prefere não destacar trabalhos. “Seria injusto com dezenas deles. Fiz tanta coisa em cinema, teatro e televisão, tive muita sorte e prazer. Quem quiser que lembre. Mas o que passou, passou, tenho ainda muito para mostrar”, disse ele, que namora a atriz Alexandra Martins (37) desde o fim de 2013. Em 12 de agosto, ele e o filho Bruno Fagundes (27) estreiam no Tuca, em São Paulo, a peça Vermelho, já encenada pelos dois em 2012. No fim do ano, Fagundes vai rodar um filme, mas não pode adiantar detalhes. E terá parte de sua trajetória lembrada no livro Antonio Fagundes – Um Ator no Palco da História, de Rosangela Patriota, que aborda basicamente a história da Companhia Estável de Repertório, da qual esteve à frente. Em 2017, retorna ao ar na série Dois Irmãos.

Muitos atores consideram cansativo atuar na TV e no teatro ao mesmo tempo...
De preferência, faço os três veículos ao mesmo tempo. Gosto quando junta tudo.

Como mantém a vitalidade?
Talvez canse um pouco fisicamente, mas a cabeça descansa quando realizo o outro trabalho. Acho que é sorte, pois não faço nada, não dá tempo.

Namorar uma mulher mais nova ajuda você a se manter jovem e ativo?
Ela é linda. É uma troca, a experiência pela juventude. Então, a gente combina bem nesse ponto.

E você gosta do fato de ainda ser chamado de galã?
Com 67 anos, não me incomoda. Dinah, minha filha mais velha, fala: “Que povo bom meu pai!” É bondade das pessoas. Acho ótimo, mas como sempre brinquei, não sou meu tipo de homem, nunca entendi bem que critério usam para me colocar nesse rol ainda. 

Como é atuar com o filho?
Assim como eu, Bruno é um profissional dedicado e nos damos bem em todos os veículos que trabalhamos. Só com o Tribos, ficamos dois anos e meio em cartaz. Temos muitos projetos pela frente. Meu orgulho é ver que ele não foi empurrado para esse caminho. Bruno quis ser ator desde os 12 anos. Falei apenas que estudasse.

Você aprende atuando com ele e com os jovens em geral?
Sim, os mais novos têm uma abordagem diferente, particularmente hoje em dia, na era da internet. É sempre uma troca, principalmente no teatro, onde a hierarquia some quando a cortina abre. A responsabilidade é igual.

Não é fã de tecnologia?
Eu sou analfabyte, não gosto. Leio bastante sobre, mas fora da internet. Não tenho facebook, instagram, twitter, nem mesmo computador. Quando preciso ver algo, peço a um amigo. Gosto é de ler, de ir ao teatro, ao cinema e a restaurantes. Não saio deste aqui, pois adoro comida árabe.

O que tem achado das críticas à caracterização de seu personagem, especialmente à peruca?
É a mesma coisa se falarem que o nariz do Cyrano de Bergerac está grande. Se tirar, ele vai deixar de ter aquela personalidade. O personagem que montamos tem essa peruca. A previsão é que ela sumirá alguma hora. Talvez fiquem mais felizes, mas a gente nunca contenta todo mundo.

E o tom mais teatral que você imprime é para representar o velho coronelismo político?
Talvez seja para prestarmos mais atenção neles, porque de terno e gravata, já nos acostumamos. Mas com um certo carregar nas tintas, talvez a gente chame atenção do público: essas pessoas estão ainda aí. Esse coronelismo existe e está sendo investigado.

Se inspirou em alguém?
Tivemos uns 500 e poucos no dia 17 de abril (na votação do impeachment) em quem a gente poderia se inspirar, todos com gravatas espalhafatosas, cabelo acaju, falando de uma forma, como você disse, teatral. E todos, a gente sabe bem fazendo o que lá dentro.