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Revista / Capa

Igor Rickli com Aline e Antonio

10 anos de diálogo e respeito

Bianca Portgual Publicado em 05/06/2020, às 13h00 - Atualizado às 16h59

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Em casa, localizada na Floresta da Tijuca, Rio, eles vivem o isolamento e conversam sobre racismo, ansiedade e desejo de mais filhos - Vinicius Mochizuki via Facetime
Em casa, localizada na Floresta da Tijuca, Rio, eles vivem o isolamento e conversam sobre racismo, ansiedade e desejo de mais filhos - Vinicius Mochizuki via Facetime

Em uma bela casa, no Alto da Boa Vista, Rio, o ator Igor Rickli (36) e a cantora Aline Wirley (38) constroem, dia a dia, a relação de dez anos, que tem seu ponto alto em Antonio (5), o Caramelo, como chamam o filho. Mas dificuldades existem. Há uma década, sentem na pele o racismo, que agora eclodiu em protestos mundo afora após a morte de George Floyd (1973–2020), nos EUA. “A vida não é fácil e temos provações todos os dias. Queremos estar juntos, independentemente de o Igor ser branco e eu, uma mulher preta. É preciso olhar para o racismo com urgência e o tempo todo porque existe uma desumanização do povo preto, como se fôssemos inferiores”, disse ela. O casal também enfrenta os efeitos do isolamento. Igor teve sintomas de Covid-19 e descobriu o medo de algo nocivo à saúde. Apesar dos obstáculos, eles permanecem cada vez mais unidos graças a muito diálogo e respeito. Além de sonhos a dois, como o desejo de aumentar a família. “Quero uma casa cheia de crianças, rindo, caindo e levantando”, revelou Igor.

– O isolamento tem sido difícil?

Igor – Não. Justamente porque construímos um relacionamento acima do respeito e da verdade. Já atravessamos marés bem conflituosas como o racismo, algo a ser extinto da nossa sociedade. É completamente incabível, uma ignorância a ser vencida. É muito triste ver o que está acontecendo.

Aline – Quando a gente começou, nossa relação não era exatamente “aceita” pela sociedade. Era como se eu, negra, não pudesse estar com um homem branco de olhos azuis. A gente passou e ainda passa por muita coisa! Trazemos isso para dentro de casa porque temos um filho. É com ele que temos esperança de um mundo harmônico, sem desigualdade, sem racismo.

– O período tende a deprimir as pessoas...

Aline – Ano passado tive crise de ansiedade. Obviamente, com esta situação agora, tive uma recaída. Tenho uma psiquiatra que cuida de mim, olha por mim. A saúde mental ainda é tabu, as pessoas têm vergonha. Quanto mais conseguirmos falar sobre isso, não ter vergonha, mais fácil será lidar. E procurar ajudar.

– E com a vida a dois, como têm lidado?

Igor – Tem horas que Aline olha para mim e não aguenta mais, quer um ‘descansinho’. Mas a gente tem um pacto que é de muita verdade um com o outro. Nossos celulares são desbloqueados. Compartilhamos o HD, as dificuldades, alegrias, tristezas, angústias e ambições. E nos respeitamos muito. Esta é a premissa para viver em harmonia.

Aline – As pessoas estão sendo obrigadas a verem mais de perto tudo o que há de bom no seu parceiro e o que não é tão bom. Tudo que está silenciado entre os casais tem vindo à tona. Não tem para onde dar vazão. A maneira que eu e Igor nos propomos para estarmos juntos sempre foi com muita clareza e objetividade. Tem que ter muito jogo de cintura agora.

– A ideia de mais filhos é para agora?

Igor – É para o futuro já. Quero muitas crianças morando nesta casa. Uma casa cheia de vida, de aprendizado, alegria e possibilidades.