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Etimologia

De início cruel cerimônia da Inquisição, auto de fé formou-se com a junção das palavras latinas actus e fides, e hoje significa destruição pelo fogo. Circuncisão também veio do Latim, de circumcisione, declinação de circumcisio, ato de cortar ao redor.

Redação Publicado em 26/06/2013, às 21h44 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Auto de fé: do Latim actus, do verbo agere, fazer, e de fides, fé. Designou originalmente sinistra e cruel cerimônia da Inquisição e do Santo Ofício. Combinados, eles faziam cumprir a sentença, quase sempre condenatória, raramente de absolvição. As vítimas eram queimadas vivas em fogueira pública, nas praças. A pauta incluía a celebração de missa solene. Espanha e Portugal lideraram os tristes recordes dessas punições, realizando fogueiras em cidades como Lisboa, Évora, Madri, Toledo e Valença, entre outras. Num desses autos foi queimado em Lisboa o escritor brasileiro Antônio José da Silva, o Judeu (1705-1739). Como desejou morrer na fé católica, foi-lhe concedido o benefício de ser morto no garrote vil antes de ser queimado. Uma das testemunhas de acusação foi uma escrava negra: ela declarou que ele observava o sabá, rito judaico. Seu corpo também o denunciou: ele era circuncidado. A metros dali estava em cartaz uma peça de sua autoria.


Circuncisão: do Latim circumcisione, declinação de circumcisio, ato de cortar ao redor. A mais comum é uma prática religiosa e higiênica própria de usos e costumes judaicos e muçulmanos, constituindo na retirada do prepúcio, pele que cobre a glande do pênis do menino. Jesus (século I) foi circuncidado em 1º de janeiro. A circuncisão feminina, praticada por outros povos, consiste na retirada do clitóris e dos pequenos lábios da vulva, sendo mais conhecida por clitoridotomia. O objetivo, às vezes disfarçado, é evitar que a mulher tenha gozo sexual.


Nutrição: do Latim nutritione (diz-se “nutricione!”), de nutrire, nutrir, originalmente alimentar com leite, depois verbo aplicado ao ato de prover alimentos a quem come para que cresça ou se fortaleça. Na Guerra do Paraguai, pela presença de nordestinos nas tropas, os soldados inventaram esses versos: “Osório dava churrasco/ E Polidoro, farinha/ O Marquês deu-nos jabá!/ E Sua Alteza, sardinha”. As referências são o que lhes davam de comer os comandantes militares. Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (1803-1880), marquês na época; o marechal Manuel Luís Osório (1808-1879); o general Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão (1802-1879). Sua Alteza era o Conde d’Eu (1842-1922).


Parar: do Latim parare, andar, caminhar, esforçar-se para obter algo. Mudou de sentido e tem cerca de 20 acepções na língua Portuguesa, predominando a de interromper por breves ou longos períodos o que se está fazendo. O sabá, do hebraico xabbat, descanso, designa a interrupção dos trabalhos do pôr do sol da sexta-feira ao do sábado.


Sentar: de origem controversa, mas provavelmente do Latim sedentare ou do Latim vulgar adsentare, ambos os verbos designando o ato de flexionar as pernas e apoiar as nádegas no chão ou sobre pedras, paus, encostos, bancos, cadeiras. Sentar-se à mesa para as refeições foi, desde o Brasil colonial, motivo de minuciosa vigilância da Inquisição e do Santo Ofício, pois, caso a pessoa sentasse no chão, desprezando a cadeira ou o banco, a recusa era entendida como prática de judaísmo. No século XVI, a baiana Ana Roiz, por sentar-se no chão para as refeições, foi levada do Brasil e queimada viva em Lisboa, em auto de fé. Preocupados, os cristãos faziam mesas cada vez mais altas e em 1808, com a vinda da Família Real para o Brasil, foi registrado o costume de tais móveis serem tão altos que davam pelo peito quando a pessoa a elas se assentava, como registra o comerciante inglês John Luccock, entretanto tratado com verve pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779- 1853): “O negociante Luccock tem espírito e descreve muito bem, mas é exagerado na malignidade. E, como é surdo, não se pode ter tanta confiança no que afirma ter ouvido como o que observou”.


Talharim: do Italiano tagliarini, plural de tagliarino, do mesmo étimo de tagliare, talhar, cortar. Designa macarrão cortado em tiras, não roliças como o espaguete, do Italiano spaghetti, plural de spaghetto, de spago, do Latim spacum, barbante, porque neste caso, ao contrário do que ocorre com o talharim, a massa não se parece com tiras, mas com barbantes. O talharim é um prato muito apreciado. O imperador Napoleão (1769-1821), que preferia a cozinha italiana à da França, louvou o talharim à moda da Córsega, sua terra natal.