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A luz e delicadeza de Roberta Marquez na Ilha de Caras

Primeira bailarina do Royal Ballet de Londres, a carioca Roberta Marquez fala do sucesso e diz que sua arte é solitária

Redação Publicado em 05/03/2013, às 14h10 - Atualizado em 19/03/2020, às 13h45

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À beira-mar, Roberta mostra movimentos que a tornaram um grande nome da dança. - Martin Gurfein
À beira-mar, Roberta mostra movimentos que a tornaram um grande nome da dança. - Martin Gurfein

Há oito anos Roberta Marquez (32) ocupa o cargo máximo de uma das principais companhias de dança do mundo, o Royal Ballet de Londres. Mas a grande responsabilidade de ser primeira bailarina é encarada com leveza e segurança, mesmos atributos que exibe em cena. “Procuro trabalhar muito, manter a calma e não ficar pensando na importância do título”, diz a única brasileira a fazer parte do seleto grupo de estrelas da casa. Carioca, Roberta, que integrou o elenco do Theatro Municipal do Rio por dez anos, não esconde a emoção de voltar à cidade. “Há quatro anos não me apresentava no Rio. Fiquei ansiosa e com as pernas meio bambas! (risos) Senti uma vontade enorme de dar o melhor de mim. O povo que me viu crescer estava na plateia”, conta ela, que apresentou os pas de deux de Romeu e Julieta e A Bela Adormecida. Apesar de reconhecer Londres como sua segunda casa, onde conheceu o marido, o bailarino cubano Arionel Vargas (33), e foi elogiada pela rainha Elizabeth II (86), Roberta tem um sonho: voltar a viver no Brasil. “Sinto muitas saudades. E posso trazer experiência e dar força para o País incentivar mais a dança. Somos uma potência no balé”, afirma.

– Como é dançar em casa?

– É um momento histórico. O Royal Ballet não se apresentava no Theatro há 40 anos. As duas casas estão iniciando uma parceria que inclui intercâmbios e projetos educativos. Visitei alguns, como o do AfroReggae, e fiquei impressionada com a estrutura e a qualidade. Dançar no Rio é ver um filme passar na minha cabeça. Foi aqui que aos 6 anos assisti a Ana Botafogo em O Lago dos Cisnes e pedi para a minha mãe me colocar no balé.

– Como é ser uma das primeiras do Royal?

– Uma honra, uma delícia, um sonho, mas não é fácil. Faço o que amo e a companhia tem uma estrutura maravilhosa. Dançamos muito e balés diversos. Mas é comum trabalhar 12 horas e não há um só dia em que não sinta dores.

– Como é a sua alimentação para aguentar esse pique?

– Essa história de que bailarina não come é mito. Temos que ter força para dançar! Mas quero ter uma carreira longa e por isso como com saúde e sem excessos.

– Você teve que abrir mão de muita coisa pela carreira?

– Tive uma vida bem diferente. Brincava menos quando criança, não tive a época de noitadas e namoradinhos na adolescência, sempre estava ensaiando. Mas nunca senti falta de nada porque o balé é minha realização. Sinto-me feliz.

– A competitividade exacerbada é parte do seu universo?

– Sem dúvida, existe uma disputa muito grande. Há ego, talento, sonho, inveja. Por tudo isso, é bem difícil fazer amizades… Ser primeira bailarina é solitário.

– Você não tem amigos?

– Do meio, em Londres, são poucos, mas tenho antigos amigos aqui no Brasil. Lá, meu partner, Steven McRae, é um querido e meu marido é bailarino. Mas entre mulheres é mesmo complicado.

– Mesmo assim vale a pena?

– Claro, estou fazendo a minha arte e essas disputas acontecem em muitas profissões. Lido com isso muito bem. Sou pacífica e faço de tudo para manter um bom ambiente de trabalho.