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Quem faz esforços repetitivos pode ter mais inflamações nos punhos

Júlio César C. Nardelli Publicado em 14/09/2006, às 15h11

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Júlio César C. Nardelli
Júlio César C. Nardelli
São muito freqüentes no dia-a-dia as lesões de punho. O punho é formado pelos dois ossos longos do braço - o rádio e a ulna -, que se articulam com o carpo, primeira porção óssea das mãos, composta de três ossos: o piramidal (na parte interna), o semilunar (no centro) e o escafóide (na lateral). Tais estruturas ósseas são "amarradas" por ligamentos, tendões e músculos. E recobertas pela pele. É isso que dá força e mobilidade aos punhos. Neles ainda há o nervo radial, o mediano e o ulnar, que levam as ordens cerebrais de comando das mãos e recolhem as sensações que ocorrem nelas, como dor e calor, e as conduzem até o cérebro, onde são identificadas. Qualquer pessoa pode apresentar lesões nos punhos. No entanto, elas são mais freqüentes em quem faz esforços repetitivos, como esportistas, pianistas, jornalistas, dentistas, digitadores, operadores de máquinas industriais e motoristas. De acordo com as estatísticas, cerca de 60% das inflamações de punho ocorrem nas mulheres e os 40% restantes, nos homens. As mulheres são mais atingidas porque as estruturas ligamentares de seus punhos ficam enfraquecidas em especial quando submetidas a stress intenso e nos períodos nos quais passam por alterações hormonais por causa do ciclo menstrual ou da menopausa. As lesões de punho podem estar associadas também com as doenças da tireóide, como hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Pelos mesmos motivos, em geral as mulheres apresentam sintomas mais intensos. Inflamações de punho, vale destacar, é uma expressão genérica. Elas podemenglobar um processo degenerativo articular ou uma inflamação decorrente de traumas, de doenças reumáticas ou até de tumores - felizmente, na maioria das vezes benignos. Outras moléstias comuns nos punhos são os cistos sinoviais e a síndrome do túnel do carpo (compressão do nervo mediano no chamado túnel do carpo), cujos sintomas mais importantes são: sensação de desconforto, queimação, dor de intensidade variável e limitação de movimentos. À medida que aumenta a inflamação de um tendão ou de um nervo, por exemplo, intensificam-se as dores e a limitação dos movimentos. Pode haver ainda perda de força motora, o que torna a pessoa incapaz de pegar uma simples xícara. Se a evolução do quadro não é interrompida, é comum haver perda dos movimentos no punho e atrofia irreversível da mão. Pessoas com sintomas devem consultar logo um médico ortopedista. Identifica-se o problema por trás da inflamação no punho com o estabelecimento de um bom histórico clínico e em seguida com exame clínico, complementado por exames de imagem; no caso das doenças reumáticas, por meio de exames laboratoriais que detectam substâncias que medem a atividade inflamatória. Quando a causa é uma doença reumática, basta controlála com medicamentos que o problema também estará sob controle. No caso da síndrome do túnel do carpo, é necessário tratar das moléstias que a provocam, como as da tireóide, o diabetes, os distúrbios hormonais e a menopausa. Nas outras situações, 80% dos casos são resolvidos com o uso de antiinflamatórios e fisioterapia. Entre os 20% restantes estão pacientes que não melhoram com o tratamento com remédios; ao contrário, até pioram e, desse modo, precisam fazer cirurgia e, em seguida, fisioterapia. Não devemos deixar de lembrar, enfim, que o melhor mesmo é prevenir as lesões, ou seja, evitar que ocorram ou progridam. Para isso, é fundamental que todos façam diariamente exercícios para a postura, como alongamento e fortalecimento dos ombros, dos braços, do punho e das mãos. Isso impede recidivas ou a progressão das lesões por esforços repetitivos, que atualmente constituem um grande problema de saúde pública.