O look da noiva é o ponto de encontro entre a máxima técnica de costura e os maiores desejos femininos. Veja como acontece a transformação do sonho em realidade como nasce o vestido perfeito
Redação Publicado em 11/10/2011, às 04h20 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43
O termo alta-costura é uma marca registrada e se refere às peças feitas para apenas uma cliente, com os tecidos mais finos e de alta qualidade na cidade de Paris, na França. Fora de lá, os nomes são outros, como alta moda e high fashion. Mas em qualquer lugar do mundo é pura magia. Um sonho que combina com casamento.
“O maior desejo de uma mulher é sentir-se única no grande dia. E é isso que a alta-costura proporciona com suas peças exclusivas e luxuosas”, explica a estilista Martha Medeiros. Desde os tempos da monarquia francesa, passando pelo seu auge nas décadas de 1940 e 1950, a alta-costura simboliza o que há de melhor no mundo fashion e representa um estilo de vida reservado à alta sociedade e à realeza. E se vale, ainda hoje, de costuras feitas à mão, consideradas as mais perfeitas.
Na França, as costureiras dos mais tradicionais ateliês são chamadas, não sem motivo, de petites mains ou pequenas mãos. Afinal, apenas “mãozinhas” delicadas são capazes de bordar tamanha obra de arte.
As semelhanças entre a alta-costura e a confecção de vestidos de noivas não se limitam às características de produção e incluem aspectos menos visíveis. Prova disso é que, tradicionalmente, os últimos looks dos desfiles de alta-costura são equivalentes a um vestido de noiva. Tome-se, por exemplo, o modelo ajustado feito de cetim de seda branco com uma capa de três metros inteira bordada com folhas prateadas, apresentado na passarela de hautecouture pela Chanel, em julho de 2011. Cada detalhe foi pensado para encantar ao aliar glamour à expertise. E se, em média, na alta-costura, um vestido para o dia leva cerca de 150 horas para ficar pronto e um modelo para a noite, bordado, ultrapassa as 250, uma peça extremamente sofisticada como um vestido de noiva pode consumir mais de 800 horas de trabalho.
E entre a ideia do estilista e o vestido pronto há uma longa jornada. Na Chanel, o primeiro passo é interpretar os croquis de Karl Lagerfeld e cortar os moldes em algodão. Na alta-costura, ao contrário do que se vê habitualmente, não se usa papel para orientar o corte. O protótipo é, então, recriado no tecido escolhido pelo estilista e suas diversas partes são montadas e alinhavadas em um manequim de madeira com medidas específicas.
Em um atelier especializado fora da Chanel, as petites mains fazem todos os bordados e devolvem a peça pronta para a maison. E é lá que são feitos os últimos acertos antes das provas finais. O resultado de tanto esmero é o luxo que Coco Chanel definia como sendo “quando o interior é tão bonito quanto o exterior”.
É interessante perceber que tanto a moda quanto a estética dos vestidos de noiva seguem as tendências de cada período. Na década de 1920, por exemplo, depois da guerra e com a economia já restabelecida, o Charleston era uma música e um estilo de vida na Europa. Animado, era impossível dançá-lo com saias longas. Os comprimentos diminuíram e Coco Chanel fez, inclusive, vestidos de noiva na altura dos joelhos. Já nos anos 1930, fez sucesso o corte enviesado.
Durante a Depressão e a Segunda Guerra, muitas mulheres se casavam de branco, mas tingiam os vestidos para usá-los mais vezes. Fato é que, independente do contexto social e econômico, um vestido de casamento carrega muitos simbolismos. Traz memórias e emoções. E, assim como na alta-costura, é a realização de um sonho.
