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Bebê / Anuário

Bebê gordinho nem sempre é saudável

As crianças também sofrem com o excesso de peso. E a prevenção deve começar cedo para evitar problemas futuros

Mayara Krigner Publicado em 05/09/2011, às 03h54 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Bebê gordinho e fofo nem sempre é sinal de saúde - Divulgação
Bebê gordinho e fofo nem sempre é sinal de saúde - Divulgação

Quanto mais gordinho o bebê, mais saudável, certo? Errado. Esqueça esse conceito da época da vovó. Assim como os adultos, as crianças também podem ser obesas e desenvolver doenças em função do excesso de peso. Diabetes, hipertensão arterial, arteriosclerose, osteoporose e alterações ortopédicas e neurológicas estão entre os distúrbios associados à obesidade nos primeiros anos de vida.

E a exemplo do que já acontece com os adultos, hoje enfrentamos uma epidemia de crianças obesas. Segundo uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde, em 2010, no mundo, havia mais de 42 milhões de crianças acima do peso com idade inferior a cinco anos. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as crianças de 5 a 9 anos acima do peso, em 1989, eram 4,1% dos meninos e 2,4% das meninas. Em 2009, o número cresceu para 16,6% e 11,8%, respectivamente. E apesar do foco do combate
à obesidade infantil se concentrar no período em que a criança começa a frequentar a escola (ou após os cinco anos de idade), estudos indicam que os problemas de peso podem começar antes, ainda na gestação. Filhos de mães fumantes, por exemplo, tendem a pesar mais do que crianças que não foram expostas ao cigarro no útero.

A prevenção à obesidade infantil começa na gravidez, com uma alimentação balanceada da mãe. Mulheres com excesso ou ganho insuficiente de peso durante a gestação podem desenvolver disfunções no feto. “Essa criança pode ter uma predisposição a alterações metabólicas e à obesidade, especialmente com a influência do ambiente em que for criada”, diz Ângela Spinola, presidente do departamento de endocrinologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. No pré-natal, as mães também devem fazer um exame no início da gravidez para testar o risco de diabetes gestacional, que é o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Como dois terços do açúcar da mãe vão para o bebê, essa dose extra de glicose sobrecarrega o pâncreas da criança, que começa a produzir mais insulina. O bebê também pode ganhar sobrepeso. O tratamento da mãe é feito com dieta e a prática de exercícios físicos recomendados por um especialista.

Após o nascimento, o leite materno deve ser a única fonte de alimentação até os seis meses de idade. Passado esse período, além do leite materno, frutas amassadas ou em suco, vegetais, hortaliças, cereais, grãos e carnes devem ser introduzidos gradualmente. Os especialistas recomendam fazer seis refeições diárias. Entre 1 e 2 anos, a criança já deve ingerir alimentos com a consistência normal e sempre ser apresentada a novas opções. A partir dos 2 anos, a maioria das crianças já
participa da rotina da família. “É uma fase fundamental para a orientação de bons hábitos e manutenção dos alimentos introduzidos na fase anterior”, diz Ângela. O peso da criança está diretamente relacionado a sua rotina. “Em mais de 95% dos casos de obesidade infantil as causas são o mau hábito alimentar e o sedentarismo. Apenas 3% a 5% das crianças apresentam algum tipo de doença genética que pode levar ao excesso de peso”, diz Lilian Zaboto, especialista em obesidade infantil da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO).

Mas diagnosticar a obesidade em crianças é tarefa para um pro ssional, já que isso depende da idade e da altura de cada um. Para isso, os pediatras utilizam curvas de crescimento onde comparam essas informações desde o nascimento. Também é o pediatra que orienta os próximos passos em casos de obesidade. O tratamento deve contar com a ajuda de uma equipe multidisciplinar composta pelo médico, nutricionista, psicólogo e educador físico. Eles devem iniciar uma mudança de estilo de vida, estimular uma alimentação saudável e evitar o sedentarismo. “É comum os pais proporem regimes que criam por conta própria”, diz Diana de Sá, professora do curso de Psicologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), “mas uma nova dieta tem implicações que vão além da comida. As mudanças feitas de maneira abrupta podem causar reações indesejadas”.

Com o excesso de peso podem surgir problemas psicológicos. “A criança também pode sofrer com o olhar que a sociedade dirige ao corpo e à própria alimentação, entre outras questões. E esse sofrimento psíquico poderá levar a sintomas depressivos”, afirma Diana.

As atitudes da família determinam o bem-estar da criança no tratamento. “Os pais devem escolher os alimentos saudáveis para os filhos e não deixar que comam o que quiserem e na hora que quiserem. O limite é importante”, fala Virgínia Weffort, presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ainda segundo Virgínia, o tratamento da obesidade e a orientação da alimentação correta não são somente para o bebê, mas sim para toda a família, que muitas vezes também tem uma alimentação incorreta.

O ideal é escolher as opções saudáveis e sempre usar o bom senso. As boas escolhas começam cedo e as crianças precisam aprender quais alimentos trazem, ou não, benefícios para seu corpo. Já os pais devem lembrar que criança gordinha nem sempre é sinônimo de saudável, e que choro não necessariamente é fome.

Mitos e verdades sobre a alimentação dos bebês

O BEBÊ DEVE COMER DE HORA EM HORA
Falso. Se a criança não come a quantidade adequada na refeição, pode ser que também esteja se alimentando entre as refeições. Os bebês devem se alimentar em um período de 2h30 a 3 horas.

A CEIA É OBRIGATÓRIA
Errado. Se a criança comeu corretamente ao longo do dia, não precisará comer antes de deitar, isso atrapalha a digestão.

OS BEBÊS COMEM MELHOR NA ESCOLINHA
Correto. Na escola há um cardápio diário que não depende do gosto da criança. Isso a faz experimentar um maior número de alimentos.

SUCO É IGUAL COMIDA
Mito, já que o excesso de suco (muitas vezes artifi cial) é prejudicial pela grande quantidade de açúcar e não favorece a mastigação e deglutição de alimentos sólidos.

É IMPORTANTE TER ROTINA
Verdade. Horários regulares diários são essenciais para uma alimentação saudável e para criar bons hábitos.

LEITE EM PÓ É FRACO
Falso. Por achar que o leite de fórmula é fraco, há mães que colocam mais pó que o indicado no rótulo. Em excesso, o leite tem muita proteína e alto valor calórico.

ELE ‘SÓ’ COME UM TIPO DE ALIMENTO
Mito. Quando a criança gosta de uma comida, a mãe oferece somente aquele alimento como garantia que o bebê vai comer bem. Mas como o pequeno está formando o hábito alimentar e precisa de variados nutrientes, os pais devem oferecer uma grande diversidade de alimentos.

A ÁGUA É O MELHOR LÍQUIDO
Correto. O ideal é oferecer água entre as refeições. O sucos devem ser consumidos com moderação e os refrigerantes evitados.

Fontes: Priscila Maximino, nutricionista especialista em atendimento infantil, e Dra. Virgínia Weffort, presidente do Departamento Científi co de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria