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'Me chamaram de corna durante meses', diz Letícia Isnard, a Ivana de 'Avenida Brasil'

Paola Donner Publicado em 24/10/2012, às 18h27 - Atualizado às 19h08

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Letícia Isnard - TV Globo / Estevam Avellar
Letícia Isnard - TV Globo / Estevam Avellar

Bailarina profissional e com graduação, pós-graduação e especialização no currículo, Letícia Isnard (37) ingressou na Rede Globo em 2005, na série Cilada. Desde então, sete anos e onze trabalhos na emissora – entre eles a série Minha Nada Mole Vida e a novela Tempos Modernos – se passaram até a atriz ser presenteada, como ela mesma gosta de definir, com a personagem Ivana em Avenida Brasil.

Agora, poucos dias após o fim da trama das 9 que marcou o país, Letícia colhe os louros de sua dedicação intensa à personagem. “Gravávamos de segunda-feira a sábado e tirava o domingo para decorar os textos. É estranho esse sucesso. No início, achei que tinha algo errado comigo, porque ficavam me olhando. Depois me chamaram de corna durante meses e, em seguida, me perguntavam o tempo todo quem matou o Max, até minha mãe [risos]”, brincou.

Em entrevista exclusiva à CARAS Online, Letícia lembra do investimento financeiro para fazer o teste para a novela, das semelhanças e diferenças com Ivana, da abordagem dos fãs e dos próximos trabalhos no cinema, no teatro e na televisão.

- Como você conseguiu o papel?
- Eu fiz um teste em São Paulo, no mês de outubro, e banquei minha passagem e todas as despesas. Não sei por que foi em São Paulo, parece que eles estavam testando algumas atrizes paulistas, mas eu fiz mais por desencargo de consciência mesmo. Na cena, que era uma da Ivana com o Max [Marcello Novaes] na cama, a primeira que foi ao ar na novela, eu estava muito tranquila porque achei que não ia passar, achei que tinha carta marcada, mas em dezembro me telefonaram para dizer que tinha sido aprovada.

- Em quem você se inspirou para criar a Ivana?
- Peguei muito de uma tia minha, mas ela não é perua e também não fala com voz de criança, ela tem mais esse lado solar e alegre em comum com a Ivana. Também peguei muita coisa da rua, das observações. Acho que o ator é um bom ladrão, porque pega um pouquinho de cada pessoa para fazer um personagem.

- De onde surgiu a ideia da voz infantil?
- Foi indicação do próprio autor, João Emanuel Carneiro. Na rubrica das cenas vinha escrito que determinada fala deveria ser com voz de criança. Mas tem muita gente que fala assim, acredita? [risos].

- Você fala com essa voz com seu marido?
- Não, de jeito nenhum, Deus me livre! [risos]. Acho que a gente sempre usa uma voz mais doce com quem ama, mais melosa, mas ela era exagerada demais.

- Você gostou do final dado para a Ivana?
- No primeiro momento fui um pouco resistente, não queria que ela ficasse com o Silas [Ailton Graça] porque ele era encostado igual ao Max, mas não era mau caráter. Acho que é reflexo do convívio dela, porque o Leleco [Marcos Caruso] também era um encostado. Então, Ailton e eu conversamos e decidimos que o Silas ia mudar, que os dois personagens iam melhorar na vida, por isso o Silas apareceu todo empenhado no trabalho na última cena, dizendo que a Ivana mudou a vida dele. Fiquei muito feliz com esse fim! Acho que só faltou a gravidez, mas não deu tempo. Aliás, aconteceu muita coisa e ainda faltou tempo para tantas outras [risos]!

- Quais são as suas semelhanças com ela?
- Nós duas temos uma doçura, uma certa ingenuidade de acreditar que as pessoas são do bem até que provem o contrário, mas não me deixo enrolar tanto quanto ela. Também tem essa coisa alegre, solar, sou muito bem-humorada. E essa coisa de família: a minha é grande, barulhenta, sempre todo mundo junto e muito carteado.

- E as diferenças?
- Físicas e estéticas são totais. Uma delas é o salto alto: eu uso só para trabalhar, enquanto ela usava o tempo todo. Tenho outro estilo, muito diferente da Ivana.

- Você já havia feitos diversos trabalhos na Globo, mas Avenida Brasil foi o que te deu mais projeção. Como está sendo conviver com a fama?
- É estranho. No início achei que tinha algo errado comigo, porque todo mundo ficava me olhando. Depois me chamaram de corna durante meses e, em seguida, me perguntavam o tempo todo quem matou o Max, até minha mãe [risos]. Porém, as abordagens são tão carinhosas, tão queridas, que não tem como não gostar. Apesar dessa exposição, eu continuo andando de ônibus, de metrô... Eu reclamava que as mulheres precisavam chegar mais de uma hora antes da gravação para fazer cabelo e maquiagem, enquanto os homens só precisavam colocar o figurino, mas, como sou bem diferente da Ivana, principalmente o cabelo e o estilo, as pessoas não me reconhecem na rua. É nessa hora que eu vejo a vantagem de mudar tanto para o personagem [risos].

- A que você atribui o sucesso de Avenida Brasil?
- Impressionante como as pessoas ficaram mobilizadas com essa novela. Isso prova que é possível falar com a massa sem baixar a qualidade. É uma ignorância achar que é preciso baixar o nível para atingir mais gente e acho que é daí que vem a inteligência do João e dos diretores. Ficamos todos muito surpresos com o sucesso, porque a gente fica enfurnado nos estúdios durante meses, então foi um tapa na cara agora que saímos para a vida. Estar numa obra como Avenida Brasil é uma oportunidade rara, uma novela dessas só acontece de 20 em 20 anos. Se eu me sinto assim, imagina a Adriana Esteves! Carminha é uma vez na vida e olhe lá.

- Quando estavam gravando as cenas finais da novela, surgiram boatos de que a segurança havia sido redobrada no Projac. É verdade? Como foi trabalhar assim?
- Foi muito tenso. Eles fizeram isso porque tinha muito vazamento de informações e tinham coisas que eram para ser surpresa, que era para saber no momento em que a novela estivesse no ar, então eles fizeram esse controle. Não recebemos os últimos 10 capítulos completos, vieram apenas as nossas cenas e passamos a gravar completamente fora de ordem. Além disso, o final tinha três versões e cheguei a decorar o texto em que eu matava o Max, mas nem deu tempo de gravar. Foi uma verdadeira operação de guerra.

- Durante quanto tempo você se dedicou à novela e como lidou com a família nesse período?
- Foi quase um ano, gravando de segunda a sábado e tirando o domingo para decorar os textos. É um sacrifício muito grande, principalmente abdicar da família, mas o bom é que eles entendem e nos incentivam.

- Seu contrato com a Globo vai até quando? Tem outra proposta na emissora?
- Venceu na sexta-feira, 19. No sábado fui lá gravar um especial para o Vídeo Show e o crachá já não passava mais [risos]. No mesmo dia, o Dennis Carvalho me convidaram oficialmente para a próxima novela das 7, Sangue Bom. Ainda não fechamos nada, mas estamos conversando sobre essa possibilidade.

- Com o fim da novela, vai conseguir tirar férias e descansar?
- Que nada, estou na pauleira! Essa semana começo os preparativos para o longa Mato Sem Cachorro, do Pedro Amorin, e estreio no Festival de Angra dos Reis, em 1º de dezembro, a peça que tem o nome provisório Serial Killer, que chega ao Rio de Janeiro alguns dias depois.