CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Doce e feminino lar da rainha Daniela Mercury

Ao lado de Malu, nova jurada do 'Superstar' celebra a família e a liberdade de ser diferente

por Valença Sotero Publicado em 19/04/2016, às 17h26

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Na casa em Salvador, de frente para o mar, o carinho de Marcia, Bela e Alice com suas mães. - CÉLIA SANTOS
Na casa em Salvador, de frente para o mar, o carinho de Marcia, Bela e Alice com suas mães. - CÉLIA SANTOS

Há exatos quatro anos, Daniela Mercury (50) virava notícia ao anunciar seu relacionamento com a jornalista Malu Verçosa (39). “Malu passa a ser minha esposa, minha família e minha inspiração para cantar”, dizia, em sua rede social. De lá para cá, elas lideraram luta a favor da diversidade, oficializaram a união, trocaram os sobrenomes, reformaram a casa e formalizaram uma nova família. Hoje, Malu divide com Daniela a maternidade das meninas Marcia (18), Alice (14) e Ana Isabel Verçosa de Sá Mercury (6). “Malu trouxe muita alegria para a casa”, comemora a cantora — mãe ainda da bailarina Giovana Póvoas (29) e do músico Gabriel Póvoas (30) —, que com a mulher ganhou o título da ONU de Campeãs de Igualdade, ilustrando campanha mundial contra a homofobia.

A antiga residência de Dani em Salvador ganhou a personalidade do casal. “Mudamos quadros e móveis de lugar e juntas compramos cada detalhe da decoração. Plantamos um baobá na entrada, a árvore que vai nos proteger. O espaço se renovou de energia e amor”, conta a jurada do reality musical global SuperStar em sua “casa só de mulheres”.

Com tantos compromissos, conseguem participar da rotina da casa e das crianças?
Sim! Frequentamos a escola, fazemos as refeições juntas, colocamos para dormir e estamos em dia com os assuntos de cada uma. Malu ajuda no dever de casa e faz a nossa lista de compras.

Na educação das meninas, quem é a mais durona?
Malu tem objetividade, impõe horários, conversa mais e tem uma amizade que eu não consigo ter. Eu converso, mas nem sempre dá certo. E quando me zango, é para valer e o castigo é duro, como deixar de sair ou ficar sem televisão. Já para Bela, a menor, o castigo é alguns minutos sentada pensando naquilo que fez. Depois, tem de pedir desculpa. Mas, mais conversamos do que castigamos.

Que lições querem passar?
Lições de ética e honestidade. A importância de respeitar os outros, o valor da escola e do conhecimento. Queremos que sejam altivas, independentes, mulheres que sabem do seu poder. Que cultivem o amor próprio e o respeito a si mesmas, que construam autonomia e que sejam pessoas fortes, capazes de decidir.

Como elas reagiram quando souberam que teriam duas mães? E como lidam com isso?
Dani – Não foi dito: ‘Agora vocês têm duas mães.’ Houve o amor entre eu e Malu e a convivência com elas com um carinho enorme e uma atitude de educação, liderança e autoridade. Elas sentem que nós somos mães, não racionalizam. É o amor que faz a mágica acontecer. Elas também nos adotaram e nos escolheram para amar. Então, o vínculo está feito, a família está formada. Até hoje, não trouxeram nenhum problema com isso. Ao contrário, falam com orgulho que é ‘o poder’ ter duas mães. Malu – Elas vivem normalmente dentro de um ambiente de amor. Não faz diferença se são duas mulheres ou dois homens. São felizes e se sentem amadas. São preparadas para tratar os outros de forma igual, independente de condição social, raça ou opção sexual. É uma geração bem diferente. Na escola há muitos colegas bissexuais e as formações familiares são diversas. Brinco com o namorado da Marcia que ele tem duas sogras. Levamos com leveza.

É uma casa só de mulheres! Há desvantagens?
Malu – Até as cachorras aqui são mulheres. Nós somos fortes. Carregamos nossos pesos, mudamos sozinhas os móveis de lugar. Uma casa mais feminina é mais bem cuidada e mais organizada. Só vejo vantagens. A gente se entende. Mas mulher também tem mais ciúme. Lutamos mais pela atenção uma da outra.

Vocês tornaram-se símbolo da luta pela igualdade de direitos. Sabiam da dimensão desse ato?
Sabia que sendo uma artista popular o impacto e a curiosidade seriam enormes. Mas foi muito transformador. A partir da minha colocação, tão clara, livre e corajosa, o tema foi para a discussão dentro de casa. Fomos agentes de mudança e nos afirmamos como mulheres fortes e que sabem do seu poder. Foi um ato feminista, de orgulho gay, de direitos humanos e político. Inspiramos não só a luta pela igualdade de direitos, mas também pelo direito de sermos diferentes. Encorajamos pessoas a lutar pelos seus sonhos.

Que tal o SuperStar?
É desafiador. Já fui jurada do The Voice Kids Portugal e do Operação Triunfo em Portugal e Espanha. Quero julgar com respeito e carinho, como gostaria de ser julgada. Já eliminei muita gente talentosa e procurei dar um retorno claro, para que não se desestimulem a fazer música. Tecnicamente, é fácil apontar o melhor. Já o conteúdo artístico é subjetivo, o que torna a imparcialidade mais difícil. Os jurados não são os donos da verdade. Trata-se de um crivo pontual naquele jogo. Na vida, os critérios serão outros.

Que balanço faz dos 50 anos?
Minha energia física e criativa estão a mil. Tenho planos até para as próximas encarnações. A idade traz sabedoria, mais inteligência e menos angústia. Estou fazendo dois shows, o Baile da Rainha Má e o Voz e Violão. Sou inquieta e adoro a vida cheia e intensa. Estou cada dia mais apaixonada e mobilizada pela minha relação com Malu e encantada com a vida em família. Trabalho desde os 16 anos e só agora estou conseguindo usufruir com mais qualidade o convívio com os filhos e com a minha neta, Clarice, de 7 anos. Chegar a essa altura da vida com tanta vontade de fazer tudo e com tanto sucesso é um luxo, uma delícia.