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Lições de vida de Hortência Marcari: "Sou alto-astral"

Eterna rainha do basquete abre o coração sobre afeto, idade e rixas

por Luciana Marques Publicado em 05/02/2016, às 08h23

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Na Ilha de CARAS, a maior jogadora do esporte no País faz um balanço da trajetória marcada por inúmeros títulos e da vida pessoal - Martin Gurfein
Na Ilha de CARAS, a maior jogadora do esporte no País faz um balanço da trajetória marcada por inúmeros títulos e da vida pessoal - Martin Gurfein

Maior jogadora da história do basquete brasileiro, Hortência Marcari (56) soma honrarias e títulos inéditos. Da medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996, ao ouro no Mundial da Austrália, em 1994, e no Pan-Americano de Havana, em 1991, até a inscrição do seu nome nos três principais Hall da Fama da modalidade nos Estados Unidos.

Mas quem tem a possibilidade de conversar um pouco com a eterna rainha das quadras não se encanta só com a trajetória espetacular, mas com sua vivacidade e alto-astral. “Na academia, minhas amigas brincam: ‘O que colocou no sucrilho hoje?’ Chego dando risada, mexendo com todos. A vida é uma alegria, a gente é quem escolhe acordar feliz ou não”, diz, na Ilha de CARAS.

Assim, em meio a risadas e papo sério também, ela faz um balanço da vida. Mãe orgulhosa, conta que o primogênito, João Victor (19), integra a Seleção Brasileira de Hipismo de Adestramento e é um dos favoritos à vaga na Olimpíada. Também praticante do esporte, o caçula, Antônio (18), mudou-se para a Alemanha, onde treina ao lado do irmão para também tentar participação na disputa. Ambos são da união com o empresário José Victor Oliva (61) “Meu maior orgulho é serem homens que trilham o caminho do bem”, afirma Hortência, que está no Time de Ouro de comentaristas da Globo nos Jogos Rio 2016.

Nada a tira mesmo do sério?
Quando não estou bem, não saio de casa. Assim, preservo a mim e as pessoas, porque sempre vai ter alguém que vai pedir autógrafo, foto. Também só vou a lugares com gente bacana, minhas amigas que adoro e que torcem por mim. Pessoas que não fazem isso, nem ando junto. Deleto. Não me venha com essa mulherada sempre com problemas... Sou alto-astral! E isso tem a ver também com a alimentação. Se a pessoa corta o carboidrato, fica sem energia, para baixo. Quando vou ao médico, peço sempre para ver meus hormônios. Tenho de estar com a testosterona lá em cima. Isso faz você estar feliz, animada, pronta para viver.

Como lida com a idade?
Sou bem resolvida! Não há outro jeito. Vamos envelhecer. Tenho hoje o mesmo peso de quando jogava: 63kg em 1,73m. As pessoas dizem: ‘Ah, é porque você foi atleta.’ Nada disso! Tem a ver com determinação. Não exagero, mas não me privo de nada. É chato sair e dizer que está de dieta. Pode-se comer de tudo, desde que haja um equilíbrio.

Já fez cirurgias plásticas?
Um monte. Rosto, peito, barriga, mas tudo sutil. Nada parecido com aquelas mulheres que você olha e diz: ‘Essa botou lábio.’ Aí é exagero! Não quero mudar o que sou, ficar com cara de 30 anos se tenho 56.

Você está solteira?
Estou tranquila. Na minha idade não é fácil arrumar alguém. Os homens nessa faixa etária que são bacanas estão ocupados. E eu não gosto de homem ocupado. Então, minha porta está fechada, não trancada. Se alguém tiver a capacidade de abri-la... 

É difícil conquistá-la?
Não. Mas eles têm um pouco de medo de se aproximar. Não há nada que me prenda a alguém mais do que o sentimento. Você ter opinião, sua liberdade, seu dinheiro assusta um pouco, porque muitos seguram mulheres com isso. Mas é bom, não gosto de homem fraco. Daí, a gente domina fácil.

É do tipo que impõe limites na educação dos filhos?
Sempre usei o esporte como justificativa para os limites, assim como o pai deles, que é muito presente e se preocupa até mais do que eu. Se iam para a balada, lembrava do treino na manhã seguinte: ‘Olha, não bebe, não usa droga, porque a qualquer momento podem pedir exame antidoping.’ Eles saíam, mas voltavam cedo. A maioria dos amigos também é focada no esporte, em estar bem fisicamente, melhorar a performance. E isso ajudou muito na educação.

Lida bem com as noras?
Os dois já namoram. Sou tranquila, acho que a Tati, mulher do José Victor, meu ex-marido, tem mais ciúmes do que eu.

Como definiria o basquete na sua trajetória?
Sem ele eu não seria nada. O basquete me deu muito mais do que dei a ele. Minha educação, conhecimento, equilíbrio emocional, os meus relacionamentos, essa minha vontade. Claro que nasci com isso, quis tudo, mas lá dentro tinha uma pedra bruta que foi lapidada por essa modalidade. A emoção de subir a um pódio e ser reverenciada por um Fidel Castro, o respeito que tenho no mundo do esporte, tudo ele me deu.

Houve mesmo as tão faladas rixas com a Magic Paula?
Claro. E foi ótimo. Paula foi a pessoa mais importante da minha carreira. A gente tem de ter alguém para se espelhar, focar. Foi um calo bom que tive no pé. Me diziam: ‘Paula está treinando para ganhar de você.’ Eu ia treinar. Ela foi minha grande motivação.

Hoje se tornaram próximas?
Não convivemos muito, porque somos bem diferentes, de temperamento, maneira de viver. Mas tenho um sentimento por ela, não sei nem explicar, de amor, paixão, respeito, admiração.