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Nicette Bruno ensina a viver: "O tempo foi generoso comigo"

Sabedoria e muita alegria na Ilha

Roberta Escansette Publicado em 21/06/2017, às 08h06

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Nicette Bruno - Cesar Alves
Nicette Bruno - Cesar Alves

As alianças de bodas de ouro e de esmeralda, presentes de Paulo Goulart (1933–2014), continuam no dedo anelar de Nicette Bruno (84). “Não consigo tirá-las. Ele ainda está aqui sempre comigo”, confessa a atriz, que foi casada por 60 anos. Na Ilha de CARAS, a diva da TV dá exemplo de positividade diante das adversidades da vida e revela que seu combustível para seguir em frente sem a presença física do marido é o amor que tem pela família e pelo trabalho. Este ano, ela comemora 70 anos de carreira no ar na novela das 7, Pega Pega. “Agora quero trabalhar mais ainda para não ficar só pensando e me lamentando. Que Paulo siga um caminho bonito como sempre seguiu enquanto estava aqui no plano terreno. Até o dia do nosso reencontro”, acredita.

– Não tem espaço para outra pessoa, não é?

– Imagina. Ele sempre foi muito atencioso comigo e eu com ele. Mas era um sentimento maior, mesmo. Um amor forte.

– Já recebeu alguma mensagem espiritual dele?

– O nosso mentor espírita Leocádio Corrêa, do Centro Espírita Leocádio José Corrêa, me disse que ele estava muito bem. Então estou feliz. Todo dia rezo para ele. A única coisa que posso fazer agora. Brinco com meus filhos que Paulão chegou lá em cima e falou “manda muita criança para ela não ficar sozinha”. E vieram bisnetos e um neto. Isso ajuda. E quando vou trabalhar elevo o pensamento para que assista aquilo que eu vá fazer.

– Qual o sentido da morte?

– Tenho certeza que a vida não começa no berço e não termina no túmulo. Ela tem continuidade. No processo evolutivo. Caso contrário, não teria sentido.

– Tem medo dela?

– Não. Mas nem fico pensando nisso. Quero trabalhar, aproveitar. Estou bem.

– Você parece bem de saúde.

– Atualmente, faço um controle alimentar. Depois que Paulo partiu, tive uma descompensação total disso. Fiquei com a glicose alta... Gosto muito de comer, mas agora não posso.

– Se sente bonita?

– Não me acho, não. Palavra de honra. Me vejo uma pessoa normal. O tempo foi generoso comigo, sim. Isso eu percebo. Percebo também que não tenho a mesma agilidade de locomoção de quando jovem. Não reclamo de nada, também não sinto nada.

– Você é feliz na profissão?

– Graças a Deus. Com todas as dificuldades. Costumo dizer que ser ator, trabalhar em teatro, principalmente, no nosso país é um ato de resistência.

– O que te levou a aceitar o convite de Pega Pega?

– Nunca fiz meu trabalho por precisar. Ele sempre veio de um sentimento, de uma emoção, de uma dedicação. Tudo o que fazemos com este sentimento maior a gente dá conta.

– Já teve dissabores?

– Todos os desafios profissionais sempre deixam alguma coisa boa dependendo da maneira como você encare. Mesmo que não sejam muito agradáveis. Fracasso, fracasso, na realidade, nunca. Mas tive vários dissabores durante a trajetória. Espetáculos que se faz e gasta-se um dinheirão sem poder e não bate no público. Eu e Paulo fizemos Zefa Entre os Homens e não aconteceu. Acabou que fomos morar em Curitiba com o meu sogro, Affonso, e lá começamos com a tentativa de uma escola de teatro, que, acabou, virou um curso profissionalizante. Uma coisa fantástica aconteceu. Não existe tempo ruim, mesmo. Volto a dizer, o que se leva a isso é o amor.