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João Carlos Martins quer voltar a trabalhar como pianista profissional em 2013

Apaixonados há 15 anos, o pianista e maestro João Carlos Martins e a advogada Carmen Silvia Valio de Araujo exaltam a união na Ilha de Caras

Redação Publicado em 29/04/2013, às 08h21 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Famoso como um dos maiores intérpretes de Bach do mundo, ele relaxa com a eleita. O respeito à individualidade de cada um é o segredo da duradoura união. - Martin Gurfein
Famoso como um dos maiores intérpretes de Bach do mundo, ele relaxa com a eleita. O respeito à individualidade de cada um é o segredo da duradoura união. - Martin Gurfein

Encare seus medos, siga seus sonhos e mantenha o alto-astral. Três conselhos que o pianista e maestro João Carlos Martins - a estrela da nova coleção de CARAS - aprendeu ao longo de sua trajetória e que regem sua vida. Apesar de ter enfrentado inúmeros contratempos em seus 72 anos de idade, sobretudo a luta contra males que comprometeram o movimento das mãos, o músico preservou o bom humor e a alegria. “A única coisa que não podemos perder é a esperança. O meu grande sonho é deixar um legado por meio da música, que faz parte da minha vida desde os 8 anos. Há sempre altos e baixos, mas quando você corrige seus erros e aprimora suas qualidades, está no caminho certo. É isso o que sempre procurei fazer”, observa João Carlos, na Ilha de CARAS, com a mulher, a advogada Carmen Silvia Valio de Araujo (51), seu porto seguro há 15 anos.

Dona de simpatia contagiante, Carmen ajudou o amado a enfrentar os obstáculos e não desistir diante das dificuldades. Em 1966, em Nova York, ele sofreu acidente no qual rompeu um nervo e perdeu os movimentos da mão direita. Nos anos 1970 desenvolveu lesão por esforço repetitivo em ambas as mãos, o que fez com que se afastasse do piano. Retomou a carreira em 1978, mas a doença se manifestou novamente. Voltou às partituras no começo da década de 1990, mas em 1995, ao ser assaltado na Bulgária, levou uma pancada na cabeça e ficou com o lado direito do corpo semiparalisado, o que o deixou longe do piano por um ano. Em 1999, com os movimentos da mão direita restritos, passou a tocar apenas com a esquerda, porém, em 2002, descobriu um tumor. A carreira como pianista parecia ter chegado ao fim. “Entrei para a regência em 2004. Foram 20 cirurgias, sempre consegui retornar. A mão direita não tem chance, mas o sonho de voltar a ser pianista profissional não morreu. Ano passado, fiz uma operação que ‘abriu’ a esquerda. Estou fazendo fisioterapia e agora só falta recuperar a destreza. Farei minha reestreia oficial em novembro”, festeja o paulistano, padrinho da coleção CARAS Silver Collection. O maestro, hoje à frente da Fundação Bachiana, tem uma história de superação digna de ser eternizada. Ele foi tema do documentário alemão A Paixão Segundo Martins e homenageado com o samba-enredo A Música Venceu, com o qual a Vai-Vai ganhou o carnaval paulistano de 2011. Agora, terá sua vida contada em filme dirigido por Bruno Barreto (58), com Marcelo Serrado (46) como protagonista.

– Quais são os seus projetos para 2013?

João Carlos – Depois de tantos anos, espero voltar como pianista profissional, nunca desisti. Farei temporada baseada em Mozart na qual terei grandes solistas, mas uma será novidade para o Brasil e exemplo para os políticos. A exsecretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice executará um concerto de Schumann comigo no dia 3 de novembro, na Sala São Paulo. Ela toca piano muito bem. Também vou levar novamente o nome do Brasil para Nova York, em 7 de dezembro, no Metropolitan.

– Como é a sua rotina?

João Carlos – Só saio de casa para apresentações, jogos da Portuguesa, meu time do coração, e para me dedicar ao Alla Corda, projeto que forma orquestras de cordas pelo País, com jovens de áreas carentes. Sou recluso, não frequento festas. Faço duas horas de fisioterapia por dia. A dor parou, agora é recuperar os movimentos.

– E o tempo com a família?

João Carlos – Curto muito meus quatro filhos, Carlos Eduardo, João Carlos, Daniela e Patrick, e seis netos, Henrique, Giovana, Gabriela, Giulia, Lucas e Max, que nasceu em dezembro. Carmen – São filhos de três relações anteriores do João, mas brinco que os netos são nossos, pois nasceram sob minha ‘administração.’ (risos) Já éramos casados.

– Como vocês se conheceram?

Carmen – Foi no jantar de um grupo de intelectuais do qual o pai do João e o meu tio participavam. Meu lugar na mesa era em frente ao dele. Ele disse: ‘Até que enfim chegou.’ Eu sabia que era porque estavam me esperando para servir a comida, mas pensei: ‘Oba.’ (risos) Eu já o admirava. Conversamos e na despedida não aconteceu nada. Depois, meu tio contou que tinha dado meu telefone ao João. Cheguei em casa e ele me ligou para saber se eu tinha gostado do CD que me entregou. Foi aí que tudo começou.

– São casados no papel?

João Carlos – Não, mais importante do que casar é estar junto. Carmen sempre me acompanhou nos momentos difíceis. Eu a admiro muito. O segredo da nossa relação é o respeito mútuo à individualidade.

Carmen – Sou quem sou por causa do João, compartilhar sua vida é muito bom.

– Quais valores você procura passar para os seus herdeiros?

João Carlos – O da determinação. Que só é impossível aquilo que Deus falou: ‘Este é um obstáculo para você não ultrapassar.’ Todos os outros podem ser superados. Se existe esperança é porque você pode construir um futuro e deixar um legado.