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Alma teatral guia a trajetória de Frederico Reder

Com a filha, Luiza, empreendedor cultural fala de vitórias e desafios em busca da perfeição

CARAS Digital Publicado em 11/09/2015, às 15h31 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Frederico Reder - -
Frederico Reder - -

Inquietude, perfeccionismo, criatividade e paixão são as características que definem bem, à primeira vista, o empreendedor cultural, ator, e sócio-diretor da Brain storming Entretenimento, FredericoReder (31). À frente dos bem-sucedidos Theatro Net Rio — pelo qual ganhou o Prêmio Especial da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, a APTR, pela excelente gestão —, e Theatro Net SP, além de sua mais nova aquisição, a Cabaret Brazil, com abertura em breve também na capital paulista, e outras quatro salas no eixo RioSP, ele afirma, no entanto, que há outra razão para que sua vida seja de êxitos. “É a vontade de trabalhar, isso faz a diferença. Quanto mais trabalhamos e persistimos, é vitória na certa”, garante ele, ao lado da filha, Luiza (11), do relacionamento de seis anos com a atriz Carol Loback (36). Nascido em São Gonçalo, Rio, onde, segundo ele, havia pouco incentivo à cultura na época em que começou a fazer teatro, ainda criança, aos 9 anos, Fred, como é chamado pelos amigos, sempre tomou a frente dos trabalhos aos quais se dedicava. “Quando comecei a atuar, queria, por exemplo, que aquele trabalho tivesse mais estrutura, queria as coisas do meu jeito, então, eu mesmo produzia. Se eu chamasse um cenógrafo e ele não fizesse o que eu queria, então eu mesmo fazia. Neste teatro, a concepção é toda minha. Sei exatamente o que quero e o que não quero”, afirma o artista, convicto, sobre o cenário onde recebeu CARAS, em SP.

– Como você percebeu seu interesse pelas artes?
– Desde que eu me entendo por gente, quero ser artista. Minha avó cantou a vida inteira, tenho uma tia que é artista plástica e era produtora e hoje administra o teatro. Meu pai é articulador político, então trabalha com o público. Eu sou apaixonado por circo, já tive um e viajei muito com ele, morava em trailer. O engraçado é que meu sobrenome, Reder, vem da Romênia, lugar do mundo onde existem mais artistas circenses.

– E a vontade de empreender?
– Sempre gostei de realizar. Saí de São Gonçalo em 2003, depois que a Cintia Abravanel, na época diretora do Teatro Imprensa, assistiu a uma produção minha e me convidou para vir para SP. A excelência está em primeiro lugar, é isso que faz sucesso no nosso negócio. Apenas como ator ou diretor, eu não poderia ter autonomia, então eu virei dono do negócio.

– É muito perfeccionista?
– Sim, muito! Quando estávamos construindo o palco deste teatro, que tem cerca de 20 metros de largura, eu disse que estava torto. Falaram que não, mas eu insisti e pedi para medirem de novo. Aí perceberam que estava dois centímetros a mais para a direita. Eu tenho quase que uma régua na minha cabeça, preciso de simetria e equilíbrio em tudo o que faço. Eu sofro com um monte de coisa, porque só vejo defeitos. Mas no fim é até divertido, acho engraçado.

– Então, é difícil alguém te contentar em um trabalho?
– Não, eu sou muito feliz. Se a pessoa for boa, consegue de primeira. Muita gente acha que não mudo de opinião, mas se você tiver um ótimo argumento, mudo de primeira. Acho que ser malevável é um talento que precisamos ter. Eu gosto de ouvir, muito do que aprendi foi assim.

– Em 2004, você dirigiu um circo na Arábia Saudita. Como foi essa experiência?
– Fui aos 20 anos, a Luiza tinha acabado de nascer. Acho que foi um presente de Deus. Lá, percebi que não existe certo e errado, mas sim, culturas diferentes. Meus pais disseram a vida inteira que o certo é ter exclusividade no casamento, e eu acredito. Só que quando cheguei lá, um amigo meu tinha cinco mulheres, e todas eram felizes. Eles também rezam várias vezes por dia, voltados para Meca. Uma vez fiquei trancado dentro de uma loja porque era a hora de o vendedor rezar. Ele fechou tudo, foi rezar e depois voltou para me atender.

– Passou muitas dificuldades?
– Eu morei por sete meses em Jidá, uma cidade a 90 quilômetros de Meca. A única língua que falo direito é o português, então, eu tinha que me virar e misturava árabe com inglês. As apresentações do circo eram na temporada de verão, onde chega a fazer 62 graus. Então, a vida acontece à noite e de madrugada, por causa do calor. Também já passei por tempestades de areia, porque o circo ficava na meio do deserto, e era algo que dava muito medo.

– Falando da sua filha, como é a relação com ela?
– Eu dou muita liberdade para ela. Às vezes ela vira e fala: “Pai, me dá limite?” É maravilhoso. Ela é uma gênia total, fala barbaridades. Quando ela viajou para Los Angeles, me ligou para dizer que tinha descoberto que Beverly Hills é só um lugar caro e Hollywood é só uma placa.

– Ela tem veia artística?
Frederico – Ela diz que quer ser atriz. Luiza viveu muito em coxia, em camarim, era maquiada por atores. Não a obrigo a nada, mas, se ela seguir este caminho, quero que ela crie um bom repertório. Ela sabe a importância de trabalhar, de ser feliz e estar perto da família, portanto, poderá escrever a própria história.
Luiza – Sou muito parecida com meu pai. Quero ser atriz e produtora. Já fiz aulas de teatro, sapateado, circo, inglês e piano.